quinta-feira, 31 de março de 2011

Formas, delicadeza e feminilidade



Na mesma matéria em que conheci a gracinha da Pitty Rebelo, conheci também outro designer de joias de Niterói que faz um trabalho incrível. É o Stefano di Pastena, que preza pelas linhas orgânicas e por joias contemporâneas.



Stefano começou sua carreira em 1994, quando fez um estágio na cidade de Perugia, na Itália. Lá, ele forjou suas primeiras peças, em ouro, prata e em materiais alternativos, como murano e até latão. O designer diz que procura fugir da rigidez geométrica, ao mesmo tempo em que explora a simetria de formas e movimentos. E que, em seu processo criativo, ele tenta não pensar na joia, seja qual for, pronta. Stefano conta que trabalha livremente nas formas e movimentos para, então, desenvolver as reais possibilidades de execução e uso da peça.



Atualmente, o trabalho de Pastena vem abordando as silhuetas humanas, como os pingentes com figuras de bailarinas, que têm formas harmônicas e equilibradas.






O designer produz suas joias num charmoso ateliê no Jardim Icaraí, onde atende com hora marcada.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Moda com sotaque regional (no melhor sentido)


Tenho um pé bem atrás com roupas com uma cara muito "regional". Talvez porque, com tantos bordados,  muitas vezes o acabamento deixa bastante a desejar. Mas conheci a Katmos, grife de Governador Valadares (MG) que me surpreendeu com uma moda com sotaque regional nada amador. Para a coleção outono-inverno, o tema escolhido foi "Em cada canto um conto", inspirado na literatura de cordel.




Festas e costumes populares nordestinos serviram de norte para criar peças com aplicações que rememoram bordados de almofadas, bandeirolas comemorativas, tecelagem de redes de pesca e rendas de algodão. Cavas retas e silhuetas "confort" em vestidos, batas e camisas são obtidos através da desconstrução da alfaiataria.
 Na cartela de cores, a marca apresenta tons secos de rosas e violaces, além de branco, bege, cru, vermelho e laranja.



Mas o mais charmoso é a estamparia, que remete às ilustrações monocromáticas em xilogravura. Inúmeros rostos foram desenhados, lembrando os tantos tipos que povoam o sertão. Há ainda árvores secas e pássaros.  Formas geométricas também estão em muitas peças da coleção.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Caminho inverso

Como jornalista, recebo muitos releases, sugestões, e-mails e correspondências todos os dias. Nem sempre dá tempo de analisar tudo com a atenção que eu gostaria. Na maioria das vezes, quando chega um  material e vejo que não diz respeito ao caderno que estou fazendo, passo adiante sem maior dor na consciência. Mas hoje recebi o folder de uma exposição e, por um acaso estando num dia mais tranquilo, decidi dar uma espiada. A expo, chamada "“Com quem você tem bordado?”, é do artista mineiro Rodrigo Mogiz. E fiquei muito contente de ter parado pra ver o material.




Natural de Belo Horizonte , onde vive e trabalha, o artista de 33 anos expressa suas ideias através da milenar arte do bordado. Rodrigo borda sobre folhas de entretela, que, com a sua semitransparência, velam figuras propositalmente escondidas. São camadas como em uma pintura convencional, apesar de o artista também fazer uso da tinta em alguns pontos do trabalho. É um jogo de mostrar e esconder e de criar contrapontos, mas que também propõe que essas figuras estabeleçam suas relações e seus diálogos.



A técnica que Rodrigo utiliza está ligada à moda, ao feminino e ao artesanato doméstico, para representar temáticas não convencionais a esse ato de bordar, como o conflito humano com a sexualidade, a afetividade, a violência. As figuras são retiradas de revistas de moda e tratam da sensualidade de diferentes formas.



As figuras e a temática escolhidas pelo artista, é claro, me chamaram a atenção. Logo pensei no caminho inverso que ele traçou: ver a arte na moda é lugar-comum, mas a moda na arte já nem tanto. Amei a delicadeza do trabalho e sua multiplicidade de significados.


A exposição é gratuita e está na Galeria de Arte Ibeu, na Av. Nossa Senhora de Copacabana 690, 2º andar. A mostra fica em cartaz de 24 de março a 6 de maio, com visitação de segunda a sexta, das 13h às 19h.